O último sábado, 3, foi dia do projeto Mapeando Grupos e Artistas Potiguares e, dessa vez, tivemos o prazer de receber o cantor e poeta Zé Martins. Ele nos falou sobre a SPVA - Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN. A Sociedade que, no mês de junho, completou treze anos de existência, tem por objetivo revelar poetas e artistas potiguares que vivem no anonimato, sem reconhecimento. A SPVA é composta por membros com formações culturais diversas, mas que têm em comum a paixão pelo universo da poesia. É assim que desempregados, médicos, engenheiros, advogados e sapateiros se reúnem todos os sábados, a partir das 16h, na Escola Estadual Winston Churchil, para recitar e ouvir poesias.
O caráter político e social da literatura é encontrado em todos os projetos promovidos pela SPVA. O maior deles, o Poesia na Escola, leva o universo poético em forma de saraus até as escolas da rede pública e privada com a intenção de despertar o público para a importância e beleza da poesia, além de revelar novos talentos.
A Poesia na Praça, Poesia na Pedra do Rosário e Poesia no Ônibus são outros projetos de destaque da Sociedade. Todos buscam dar visibilidade ao trabalho da produção literária dos membros associados e dinamizar o cenário da cultura potiguar.
Zé Martins
Poeta, músico, compositor e engenheiro mecânico, Zé Martins é membro apaixonado da SPVA e começou a fazer poesia cedo, aos sete anos, para uma menina do bairro onde morava. Hoje, aos 50, a paixão pela garota do bairro passou, mas a poesia continua a fazer parte da vida de Zé Martins. Sua relação com a arte, como na maioria dos casos, se construiu através de uma trajetória difícil. Começou participando de festivais de música. Chegou a ser censurado e acabou desistindo. Zé Martins não se abalou e, na verdade, nem ao menos sabe o que desagradou os censores. Comprou equipamentos de som e passou a se apresentar em escolas, com músicas e poesias de sua autoria. Atualmente, Zé Martins é formado em engenharia mecânica e canta com a Banda Fibra de Coco. Ambos são figuras importantes no cenário artístico do RN.
Sua agenda de shows? Não lembra...Mas sabe que o próximo show está marcado para o dia 27 de julho, na SBPC, às 18h, na UFRN.
Poetas Vivos
Como são loucos os poetas,
escrevem na pedra não lapidada
escrevem na areia, antes do preamar
lêem nas estrelas versos lúdicos
Como são loucos os poetas,
dirigem naves intergalaxiais
traçando rumos
no meio dos dragões
sedentos, pelos bares
na rua da sobriedade
Como são loucos os poetas,
não são remunerados e
cantam todas as noites
fazem versos do “nada”
descobrem sentimentos
e sonham como o vento
constroem muralhas intransponíveis
ultrapassam paredes invioláveis
e se perdem na fumaça solta
não tem idade,
não tem relógio
Como são loucos os poetas,
desafiam exércitos,
convocam falanges
e disputam com os magos
no reino dos deuses
O Núcleo de Jovens Artistas - NJÁ e o Projeto Disfunctorium Intervenções Artísticas realizam a oficina de performance “A arte de ser e de ser com”, entre os dias 21 a 24 de junho, no TECESol – Sede do Grupo Facetas, Mutretas e Outras Histórias, em Pirangi. A inscrição custa R$ 15.
A oficina será ministrada pelos membros do Disfunctorium, Yuri Kotke e Dé (Andre Luiz). Esse último ganhou prêmio de melhor ensaio teórico no Salão de Artes Visuais de Natal 2010, da Funcarte.
A atividade visa amplificar o conhecimento nessa linguagem, que se faz presente, há tempos, na vida cultural de Natal. Ela será dividida em três partes, sendo a primeira referente à leitura teórica e discussão da bibliografia produzida a respeito da arte da performance; a segunda ligada ao trabalho dos artistas da performance, em um contexto mundial, nacional e local; e a terceira, de caráter prático, com a promoção de uma investigação do corpo dos participantes como forma de produção artística.
Entre os nomes escolhidos para análise, estão os performers natalenses, Civone Medeiros, Ênio Cavalcante, além do próprio Disfunctorium, que irá expor parte de seus mais de dois anos de pesquisa na área. Marina Abramovic, Hélio Oitica, Joseph Beuys, Rodrigo Braga, entre outros, também serão abordados.
O objetivo da oficina é, também, expandir a compreensão do que pode ser artístico e estético e inserir uma proposta na arte que dê conta das tensões, incoerências e paradoxos da vida humana.
A mídia utilizada pela performance é a vivência entre o expectador e o artista e a ideia é que, a partir dessa experiência, se possa refletir sobre os códigos éticos, políticos, morais e sociais em voga. A performance não se propõe a resolver conflitos, mas, ao contrário, levantar questionamentos. Além disso, a experiência dessa modalidade artística nos leva a refletir sobre como nos relacionamos com nosso corpo e com o dos outros.
Projeto Disfunctorium
O grupo norte riograndense Projeto Disfunctorium possui hoje mais de dois anos de criação e produção na cidade do Natal na área da arte da performance. Fundado em março de 2008, o Disfunctorium reúne alunos universitários na área de teatro, buscando pesquisar, refletir, e criar no interior do campo da arte da performance.
O grupo já apresentou cerca de cinqüenta trabalhos na área, convidado a compor com sua produção artística eventos de caráter universitário e de produção independente dentro e fora do estado. Dentre os eventos que participou, se destacam o V Congresso da ABRACE (Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas) em 2008, o MADA 2008, além de uma exposição fotográfica a partir do trabalho do grupo realizada na UFPA.
O sol se punha e o momento mágico do entardecer enchia o céu de azul e laranja. O crepúsculo inquieta, sempre, nem ele sabia por que. Nas pedras centenárias da rua ao lado do Solar Bela Vista, lá vai o espectador, excitado, ansioso, pois ia ao encontro da arte. Uma leitura dramática. A antiga Junqueira Aires se abre larga à sua frente, olha para um lado, para o outro e lá estava a casa de Cascudo. A ansiedade aumenta.
Ao portão, duas câmeras o olham e um guarda fardado, gentil o deixa entrar. Impossível não sentir alguma coisa ao entrar na casa de Câmara Cascudo, pensa ao subir a escada da entrada. O espaço respira cultura, arte, história. Saber que ali viveu um gênio da nossa cultura é uma sensação indescritível para aquele espectador pontual, um dos primeiros a chegar, mas o pessoal ainda estava se preparando, ensaiando, havia um violão e alguém cantava.
Tudo começou no jardim. Ali, sentado, ele ouviu os jovens cantando. Canções de um novo tempo que parecia o de sempre, falavam de corações dilacerados, abraços, coisas do amor. A música deles é uma novidade necessária. Expressa sentimentos. Ele ouve com atenção. Uma guitarra sutil ecoa notas delicadas no pavilhão que servia de cenário. Eles cantam “eu olhei você...” e colunas impávidas testemunhavam mudas, sólidas pareciam sustentar a energia daquele ato de cantar e representar a arte e a vida. Cantam: “é hora de voar...” e voam no embalo das vozes. O que diz essa nova música? Diz que a hora é dos novos caminhos da arte que se anunciam.
Suas composições interpretadas com sentimento embalam a platéia. E aquela música entrava pelos ouvidos, pelos olhos, pela mente. A noite chegou com versos e vozes, violão e guitarra. “Na verdade eu nem sei cantar, na verdade eu nem sei fingir” diziam na canção.
A leitura dramática começou com duas atrizes vestindo algumas personagens. Um texto rico, carregado de ironia e sarcasmo discutindo relações. Com muito talento e sofisticação as atrizes enfrentam o desafio proposto pelo minimalismo do desenho cênico e a grandeza do texto com interpretações impecáveis. Puro teatro. Um exercício de Arte.
No dia seguinte estava em cena a tragédia. A história de Medéia, que foi traída e planeja a vingança mais cruel contra o marido que a abandonou. Essa história é contada por atores que alternam personagens e uma atriz encarnando a atormentada mãe que mata os próprios filhos. A leitura é cumprida com rigor e uma bela interpretação da atriz que faz Medéia.
Em seguida entram em cena duas atrizes para interpretar um sketch inspirado em texto de Clarice Lispector. Surpreendentes, imediatamente conquistam a platéia. As atrizes com suas interpretações envolventes dominam a cena. A performance arrebata aplausos em cena aberta.
Ao final das apresentações a impressão que ficou na mente do espectador sobre este evento marcante na nossa vida cultural, confirma a esperança que ele tem nos jovens, eles que vivenciam os caminhos da arte, que vivem o Teatro, a procura dos seus roteiros de vida, que buscam seus caminhos de expressão na magia da representação teatral. Bravo!
Foi assim o I Ciclo de Leituras Dramáticas do Núcleo de Jovens Artistas.
Texto de Carlos Lima, generosamente enviado para o Núcleo de Jovens Artistas. Carlos, muito obrigada pela atenção.
A primeiro ocorreu com a apresentação da esquete "Sinto-me em mim", na quinta-feira, 27, que representou o NJÁ na exposição de quadrinhos, promovida pela República dos Quadrinhos. "Sinto-me em mim" é a primeira montagem do Haia e conta com Cris Reliê e Polliana Praça no elenco.
As duas atrizes ainda apresentaram a esquete novamente, desta vez no segundo dia do I Ciclo de Leituras Dramáticas do NJÁ (domingo, 29).
Leia aqui o que o Haia achou do evento realizado no Instituto Câmara Cascudo.
Na última reunião do Núcleo de Jovens Artistas, realizada em 22/05. discutiu-se o Festival Agosto de Teatro 2010.
Os membros do NJÁ conversaram sobre qual a importância do festival para a cidade. O edital 2009 foi lido, bem como as alterações para este ano. Falou-se também sobre a relevância de se abrir e manter o diálogo com a Fundação José Augusto.
O edital do Festival Agosto de Teatro terá um tempo total para publicação e seleção de no máximo três semanas, a partir da publicação no diário oficial do estado. A verba disponível para a realização é de 220 mil reais.
O membro do NJÁ, Thiago Medeiros esclareceu sobre as reuniões que houveram para discutir sobre o Festival. “Nas reuniões que foram realizadas, uma na terça-feira no centro experimental e outra na pinacoteca do estado, foram abertas para a classe artística a possibilidade de opinar e sugerir espetáculos/grupos/oficinas realizadas por artistas locais ou de outros lugares do Nordeste”.
Em uma das reuniões, lembra Thiago, citou-se que a realização da primeira edição do Festival Agosto de Teatro só foi possível sob uma emenda da deputada federal Fátima Bezerra, o governo do estado investiu 60 mil reais para o pagamento dos cachês dos grupos de teatro que se apresentaram. Foi esclarecido também, que para os grupos – pessoa jurídica ou física, é necessário que estejam em dia com seus tributos, que revejam toda a documentação antes de enviá-la para a Fundação José Augusto, já que caso haja alguma irregularidade em um contrato, os outros artistas podem ser prejudicados quanto ao pagamento dos cachês.
As contribuições para as oficinas, espetáculos, curadores (de preferência de outras partes do nordeste) devem ser enviadas para o e-mail do festival: fja_festivalagostodeteatro@yahoo.com.br
A publicação do edital sairá, além do diário oficial do estado, na página da Fundação José Augusto: www.fja.rn.gov.br
Para saber mais sobre emendas relacionadas à cultura: www.minc.gov.br e www.fatimabezerra.gov.br
Foi indicado também um livro de um pesquisador potiguar, que esteve na Alemanha, sobre o teatro pedagógico, para a pré-apreciação teatral: “Pedagogia do Espectador de Flávio Degranges.
A escritora Clotilde Tavares há dez anos realiza o projeto “Devorando Shakespeare”, com o propósito de fazer aquilo que o nome do projeto sugere. Desta vez o trabalho de Clotilde será realizado em parceria com o Núcleo de Jovens Artistas. Hoje, a atividade tem início às 15h, no Museu Câmara Cascudo. O texto de Shakespeare escolhido para esta edição do projeto é Macbeth.
No início dos trabalhos está prevista uma sessão de perguntas e comentários sobre a peça e, em seguida, a exibição do filme de mesmo nome, do diretor Roman Polanski.
Macbeth é uma tragédia que conta a história de um regicídio e suas consequências. É a tragédia de William Shakespeare mais curta e acredita-se que tenha sido escrito entre os anos de 1603 e 1607. Na Inglaterra, onde foi criada, Macbeth é tido como um texto amaldiçoado e seu nome não é mencionado em voz alta, uma vez que a peça é envolta em uma atmosfera sombria.
O Devorando Shakespeare é mais um desafio para o grupo dos Jovens Artistas, que nasceu no final do ano passado e começou a atuar no início deste ano. O grupo é atualmente composto por artistas que desejam debater a constituição das políticas públicas relacionadas à cultura no estado. O grupo se reúne todos os sábados na Casa da Ribeira, a partir das 9h. “O grupo está aberto para receber artistas de música, dança, teatro, artes visuais. Aberto a qualquer pessoa que se interesse em conhecer os encaminhamentos culturais da cidade e busquem qualificação artística”, disse Thiago Medeiros, um dos integrantes do grupo.
Apesar dos vários encontros, não está claro para o grupo, o posicionamento dos órgãos que representam a cultura no município e no estado. “Um dos pontos principais em nossas reuniões é a criação de uma secretaria de cultura para esta cidade. A fundação capitania das artes, nem a fundação José augusto não suprem as demandas culturais”, disse Thiago.
Mas o grupo não resume as suas atividades à análise crítica das políticas públicas de Natal. Eles investem na qualificação dos artistas, como ciclos de leituras, palestras e oficinas, além de contribuir para a formação de público, fazendo espetáculos acessíveis e preços populares. O espaço está aberto para novos artistas, tanto que o Devorando Shakespeare está aberto para o público de diversas áreas.
O próximo evento promovido pelo grupo é o I Ciclo de Leituras Dramáticas, que vai acontecer no Instituto Câmara Cascudo
O Núcleo de Jovens Artistas informa que o evento Devorando Shakespeare, com Clotilde Tavares, foi, infelizmente, cancelado.
Para evitar maiores constrangimentos com a autora e o público natalense, esclarecemos aqui os fatos que levaram à desistência de Clotilde.
A produção do Devorando Shakespeare foi feita através de quatro integrantes do NJÁ, sendo que dois deles não poderiam comparecer no dia do evento, uma vez que participavam de oficina com o ator Eduardo Okamoto.
Os dois produtores restantes, de fato, não chegaram a tempo para receber a palestrante e preparar o local. O NJÁ concorda com Clotilde Tavares, foi uma falta de respeito. Agora, portanto, pedimos desculpas à escritora e esperamos superar essa má impressão em outra ocasião.
Repetimos: o NJÁ reconhece a falha nesse processo e espera aprender com ela.
Preferimos não citar nomes nessa nota, uma vez que se trata de problemas internos do Núcleo.
A palestra do último sábado, 15, foi com o diretor de Planejamento e Projetos da Casa da Ribeira, Gustavo Wanderley. Ele esclareceu sobre o que é e qual a importância e os benefícios de ter um CNPJ e de os grupos se tornarem Associações. A informações ajudarão ao NJÁ a pensar sobre a forma que o Núcleo deverá assumir.
Para chagar a essa conclusão, entretando, Gustavo ressaltou a necessidade de atentarmos para os propósitos, valores e o tempo-espaço do NJÁ. Ele também explicou também sobres leis de incentivos que dispomos - Rouanet, Djalma Maranhão e Câmara Cascudo; e esclareceu sobre as formas de capitação de dinheiro.
“Não dá para pensar em política pública cultural só para artistas, é necessário pensar na democratização do acesso”, alega.
O Núcleo de Jovens Artistas promove, em parceria com a atriz e escritora Clotilde Tavares, no dia 22 de maio, o evento mensal "Devorando Shakespeare". A atividade tem início às 15h, no Museu Câmara Cascudo e será ministrada pela atriz e escritora Clotilde Tavares. A entrada é franca.
Clotilde irá analisar a obra shakesperiana Macbeth. No início haverá sessão de perguntas e comentários sobre a peça e, em seguida, a exibição do filme de mesmo nome, do diretor Roman Polanski.
O "Devorando Shakespeare" é realizado pela escritora há mais de 10 anos e, agora, será retomado junto ao NJÁ, uma vez por mês.
Macbeth A peça é uma tragédia que conta a histório de um regicídio e suas consequências. É a tragédia de Shakespeare mais curta e acredita-se que tenha sido escrito entre os anos de 1603 e 1607. Na Inglaterra, onde foi criada, Macbeth é tido como um texto amaldiçoado e seu nome não é mencionado em voz alta, uma vez que a peça é envolta em uma atmosfera sombria.
Clotilde Tavares Responsável pelo "Devorando Shakespeare", Clotilde Tavares é Paraibana radicada em Natal. Tendo formação em medicina, ela se dedica ao teatro há mais de 20 anos.
Coletivo de pesquisa e experimentação cênica, além de fórum permanente de discussão sobre políticas públicas e qualificação artística.
jovensartistas@gmail.com