segunda-feira, 12 de abril de 2010

Arte e sociedade


No último sábado, 10, o professor doutor em Filosofia Contemporânea, Eduardo Pellejero, conversou com o NJÁ sobre a relação dos artistas com a sociedade.

Pellejero apoiou sua fala em vários artistas, entre eles o filósofo Sartre e o escritor peruano Mario Vargas Llosa. Para o professor, as perguntas do compromisso artístico são "por que", "para que" e "para quem" se está produzindo arte, sendo a última questão a mais importante.

"Julio Cortazar, por exemplo, afirmava que mesmo sem obrigações latino-americanas ou socialistas, sua literatura apontava para um leitor/público, onde ele acharia uma semente para o futuro", conta Pellejero. "Ele se recusava a fazer uma 'arte comprometida', achava que era uma ilusão e que a arte tem que absorver a experiência do mundo, e não ser uma forma de intervenção", completa.

Para Vargas Llosa, por sua vez, a arte pode desencadear efeitos históricos e não deve se curvar a nenhum imperativo político. Se ela alcança uma autonomia, passa a ser, automaticamente, política, porque incomoda. Além disso, o artista não precisa, necessariamente, tematizar a política. Ele pode explorar os seus próprios demônios que, no fundo, são demônios sociais. "Qualquer forma de arte que explore aqui que faz, que não se conforme com a tradição, é política", declara o professor.

No fim, Eduardo Pellejero deu sua opinião sobre o assunto: "A primeira coisa que a arte faz conosco é mostrar que nunca vamos nos adaptar. Abracem sua deformidade. Façam sua arte a partir do ponto em que você não se adequa ao padrão. É a única coisa, na qual acredito".

Eduardo Pellejero nasceu na Argentina em 1972. É licenciado em Filosofia pela Faculdade de Filosofia da Universidade do Salvador, Buenos Aires (2000) e Doutor em Filosofia Contemporânea pela Universidade de Lisboa (2006). Bolseiro de pós-doutoramento da FCT (2006-2009). Foi Professor Convidado na Universidade Michoacana de San Nicolás de Hidalgo (UMSNH), Morelia, Michoacán, México (Maio-Julho de 2005 e Agosto-Janeiro de 2006-7)). É membro integrado do CFCUL, head da linha de investigação Filosofia das ciências humanas e colaborador do projecto A Imagem na Ciência e na Arte (Curriculum Vitae)

2 comentários:

  1. Amigos:
    Eu agradeço muito pelo convite. Foi uma grata sorpresa falar como vocês, e certamente espero ouvir mais do que estão fazendo.
    Um abraço,
    Eduardo.

    PS: Duas correções. A primeira é que Vargas Llosa é peruano. A segunda, que a primeira citação (a das obrigaçoes) é de Julio Cortazar.

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  2. As correções já foram feitas, professor. Nós é que ficamos gratos e satisfeitos com a sua presença.

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