segunda-feira, 14 de junho de 2010

NJÁ e Projeto Disfunctorium promovem oficina de performance

O Núcleo de Jovens Artistas - NJÁ e o Projeto Disfunctorium Intervenções Artísticas realizam a oficina de performance “A arte de ser e de ser com”, entre os dias 21 a 24 de junho, no TECESol – Sede do Grupo Facetas, Mutretas e Outras Histórias, em Pirangi. A inscrição custa R$ 15.

A oficina será ministrada pelos membros do Disfunctorium, Yuri Kotke e Dé (Andre Luiz). Esse último ganhou prêmio de melhor ensaio teórico no Salão de Artes Visuais de Natal 2010, da Funcarte.

A atividade visa amplificar o conhecimento nessa linguagem, que se faz presente, há tempos, na vida cultural de Natal. Ela será dividida em três partes, sendo a primeira referente à leitura teórica e discussão da bibliografia produzida a respeito da arte da performance; a segunda ligada ao trabalho dos artistas da performance, em um contexto mundial, nacional e local; e a terceira, de caráter prático, com a promoção de uma investigação do corpo dos participantes como forma de produção artística.

Entre os nomes escolhidos para análise, estão os performers natalenses, Civone Medeiros, Ênio Cavalcante, além do próprio Disfunctorium, que irá expor parte de seus mais de dois anos de pesquisa na área. Marina Abramovic, Hélio Oitica, Joseph Beuys, Rodrigo Braga, entre outros, também serão abordados.

O objetivo da oficina é, também, expandir a compreensão do que pode ser artístico e estético e inserir uma proposta na arte que dê conta das tensões, incoerências e paradoxos da vida humana.

A mídia utilizada pela performance é a vivência entre o expectador e o artista e a ideia é que, a partir dessa experiência, se possa refletir sobre os códigos éticos, políticos, morais e sociais em voga. A performance não se propõe a resolver conflitos, mas, ao contrário, levantar questionamentos. Além disso, a experiência dessa modalidade artística nos leva a refletir sobre como nos relacionamos com nosso corpo e com o dos outros.

Projeto Disfunctorium

O grupo norte riograndense Projeto Disfunctorium possui hoje mais de dois anos de criação e produção na cidade do Natal na área da arte da performance. Fundado em março de 2008, o Disfunctorium reúne alunos universitários na área de teatro, buscando pesquisar, refletir, e criar no interior do campo da arte da performance.

O grupo já apresentou cerca de cinqüenta trabalhos na área, convidado a compor com sua produção artística eventos de caráter universitário e de produção independente dentro e fora do estado. Dentre os eventos que participou, se destacam o V Congresso da ABRACE (Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas) em 2008, o MADA 2008, além de uma exposição fotográfica a partir do trabalho do grupo realizada na UFPA.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Carlos Lima relata o I Ciclo de Leituras Dramáticas do NJÁ


Um Exercício de Arte

O sol se punha e o momento mágico do entardecer enchia o céu de azul e laranja. O crepúsculo inquieta, sempre, nem ele sabia por que. Nas pedras centenárias da rua ao lado do Solar Bela Vista, lá vai o espectador, excitado, ansioso, pois ia ao encontro da arte. Uma leitura dramática. A antiga Junqueira Aires se abre larga à sua frente, olha para um lado, para o outro e lá estava a casa de Cascudo. A ansiedade aumenta.

Ao portão, duas câmeras o olham e um guarda fardado, gentil o deixa entrar. Impossível não sentir alguma coisa ao entrar na casa de Câmara Cascudo, pensa ao subir a escada da entrada. O espaço respira cultura, arte, história. Saber que ali viveu um gênio da nossa cultura é uma sensação indescritível para aquele espectador pontual, um dos primeiros a chegar, mas o pessoal ainda estava se preparando, ensaiando, havia um violão e alguém cantava.

Tudo começou no jardim. Ali, sentado, ele ouviu os jovens cantando. Canções de um novo tempo que parecia o de sempre, falavam de corações dilacerados, abraços, coisas do amor. A música deles é uma novidade necessária. Expressa sentimentos. Ele ouve com atenção. Uma guitarra sutil ecoa notas delicadas no pavilhão que servia de cenário. Eles cantam “eu olhei você...” e colunas impávidas testemunhavam mudas, sólidas pareciam sustentar a energia daquele ato de cantar e representar a arte e a vida. Cantam: “é hora de voar...” e voam no embalo das vozes. O que diz essa nova música? Diz que a hora é dos novos caminhos da arte que se anunciam.

Suas composições interpretadas com sentimento embalam a platéia. E aquela música entrava pelos ouvidos, pelos olhos, pela mente. A noite chegou com versos e vozes, violão e guitarra. “Na verdade eu nem sei cantar, na verdade eu nem sei fingir” diziam na canção.

A leitura dramática começou com duas atrizes vestindo algumas personagens. Um texto rico, carregado de ironia e sarcasmo discutindo relações. Com muito talento e sofisticação as atrizes enfrentam o desafio proposto pelo minimalismo do desenho cênico e a grandeza do texto com interpretações impecáveis. Puro teatro. Um exercício de Arte.

No dia seguinte estava em cena a tragédia. A história de Medéia, que foi traída e planeja a vingança mais cruel contra o marido que a abandonou. Essa história é contada por atores que alternam personagens e uma atriz encarnando a atormentada mãe que mata os próprios filhos. A leitura é cumprida com rigor e uma bela interpretação da atriz que faz Medéia.

Em seguida entram em cena duas atrizes para interpretar um sketch inspirado em texto de Clarice Lispector. Surpreendentes, imediatamente conquistam a platéia. As atrizes com suas interpretações envolventes dominam a cena. A performance arrebata aplausos em cena aberta.

Ao final das apresentações a impressão que ficou na mente do espectador sobre este evento marcante na nossa vida cultural, confirma a esperança que ele tem nos jovens, eles que vivenciam os caminhos da arte, que vivem o Teatro, a procura dos seus roteiros de vida, que buscam seus caminhos de expressão na magia da representação teatral. Bravo!

Foi assim o I Ciclo de Leituras Dramáticas do Núcleo de Jovens Artistas.


Texto de Carlos Lima, generosamente enviado para o Núcleo de Jovens Artistas. Carlos, muito obrigada pela atenção.

Haia e RQ

Nossos parceiros do grupo Haia Repertório Teatral e República dos Quadrinhos promoveram apresentações ligadas ao NJÁ semana passada.

A primeiro ocorreu com a apresentação da esquete "Sinto-me em mim", na quinta-feira, 27, que representou o NJÁ na exposição de quadrinhos, promovida pela República dos Quadrinhos. "Sinto-me em mim" é a primeira montagem do Haia e conta com Cris Reliê e Polliana Praça no elenco.

As duas atrizes ainda apresentaram a esquete novamente, desta vez no segundo dia do I Ciclo de Leituras Dramáticas do NJÁ (domingo, 29).

Leia aqui o que o Haia achou do evento realizado no Instituto Câmara Cascudo.

Confira também como foi a apresentação na exposição de quadrinhos.

O Núcleo de Jovens Artistas agradece a todos os colaboradores e membros e espera estender as parcerias para outras ocasiões.

Da direita para a esquerda, os membros da RQ, Beto Potyguara e Joseniz; Cris Reliê, Polliana Praça e Ramilla Souza (membro do NJÁ)